Os Desafios da Psicanálise no século XXI

A PSICANÁLISE NO SÉCULO 21: IMPLICAÇÕES E DESAFIOS NA ATUALIDADE

PSYCHOANALYSIS IN THE XXI CENTURY: IMPLICATIONS AND CHALLENGES TODAY

ORIENTADOR: Dr. David J.P. Pecis

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO DAIANE BRANG FELDHAUS E ORIENTADO PELO PROF. DR. DAVID J.P. PECIS

RIO DO SUL-SC
2023

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me concedido perseverança e determinação para estudar e me formar, mesmo com todas as dificuldades. Ainda, agradeço aos meus pais, marido e filhos.

RESUMO

A psicanálise é uma forma de terapia que enfrenta desafios para garantir sua relevância e sustentabilidade no futuro, autores indicam que no método falta evidências científicas sólidas. Em hipótese, fomenta-se que a teoria freudiana pode ser adaptada para atender às necessidades dos pacientes do século XXI com mais eficiância e eficácia. Este estudo visa Analisar as adaptações e aplicações da psicanálise no século XXI e examinar os principais desafios enfrentados pela psicanálise. Em busca de fundamentar essa hipótese e atingir ao objetivo proposto, realizou-se um estudo bibliográfico qualitativo de onde extraiu-se informações tecnocientíficas e filosociológicas dos bancos de dados Portal Capes, SciELO e BVS-Psi. Em resultado, compreendeu-se que a psicanálise enfrenta desafios para garantir sua relevância e sustentabilidade no futuro, mas a teoria freudiana tem sido adaptada e aplicada de maneiras novas e criativas. Além disso, estudos mostraram que a psicanálise pode ser associada a outros meios de terapia. As possíveis soluções para garantir a relevância e sustentabilidade no futuro incluem a busca por mais evidências científicas e a adaptação de novos métodos de tratamento.

Palavras-chave: Terapia em grupo. Terapia objetal. Terapia psicanalítica. Pscicanálise contemporânea.

ABSTRACT

Psychoanalysis is a form of therapy that faces challenges in ensuring its relevance and sustainability in the future. Authors indicate that the method lacks solid scientific evidence. In hypothesis, it is suggested that Freudian theory can be adapted to better meet the needs of 21st century patients with more efficiency and effectiveness. This study aims to analyze the adaptations and applications of psychoanalysis in the 21st century and examine the main challenges faced by psychoanalysis. In order to support this hypothesis and achieve the proposed objective, a qualitative bibliographical study was carried out from which technical-scientific and philosophic-sociological information was extracted from the databases Portal Capes, SciELO and BVS-Psi. As a result, it was understood that psychoanalysis faces challenges in ensuring its relevance and sustainability in the future, but Freudian theory has been adapted and applied in new and creative ways. Furthermore, studies have shown that psychoanalysis can be associated with other forms of therapy. Possible solutions to ensure relevance and sustainability in the future include the search for more scientific evidence and the adaptation of new treatment methods.

Keywords: Group therapy. Object therapy. Psychoanalytic therapy. Contemporary psychoanalysis.

1 INTRODUÇÃO

A psicanálise é uma teoria psicológica que teve um profundo impacto na forma como compreendemos o funcionamento da mente e o comportamento humano. Desenvolvida por Sigmund Freud no final do século XIX, a psicanálise é baseada na ideia de que muitos aspectos do pensamento e do comportamento humanos são determinados pelo inconsciente e que a análise desses processos inconscientes pode ser usada para tratar problemas de saúde mental.
No entanto, como toda teoria, a teoria freudiana também enfrenta desafios e críticas, especialmente em relação à sua adaptação às necessidades dos pacientes do século XXI. Para Zizek (1989) a psicanálise foi criada em um contexto histórico e cultural específico e, como tal, pode não ser tão aplicável aos problemas e questões enfrentados pelos pacientes modernos. Autores como Mitchell (2002) argumenta que a teoria freudiana precisa ser adaptada ou atualizada para se manter relevante para os pacientes do século XXI. Para o autor na contemporaneidade, a psicanálise continua a ser uma corrente importante dentro da psicologia e da psiquiatria.
Leuzinger-Bohleber (2004) entende que para garantir a relevância e sustentabilidade da psicanálise no futuro, algumas possíveis soluções podem ser consideradas. Uma possibilidade é a adaptação da teoria freudiana às necessidades específicas dos pacientes do século XXI, enquanto ainda mantém sua essência e principais conceitos. No entanto, aguarra-se a ideia de Modell (1990) e Green (2003) que esclarecem a teoria freudiana como uma terapia influente e argumenta que ainda muito relevante e aplicável aos problemas enfrentados pelos pacientes modernos, e que não há necessidade de adaptá-la ou integrá-la com outras teorias.
A pesquisa sobre este tema é justificada pelo fato de que a psicanálise continua a ser uma teoria psicológica importante e amplamente estudada, mas também enfrenta muitos desafios e críticas na atualidade. Ao examinar esses desafios e explorar possíveis soluções, poderemos entender melhor como a psicanálise pode ser adaptada ou aplicada de maneiras novas e criativas para atender às necessidades dos pacientes atuais e garantir sua relevância no futuro.
Propõe-se por meio deste estudo que a adaptação e aplicação criativa da teoria freudiana, combinada com a associação com outros meios de terapia, é fundamental para garantir a relevância e sustentabilidade da psicanálise no futuro e para superar os principais desafios enfrentados pela psicanálise na atualidade. A presente tese visa investigar esta hipótese, apresentando evidências a partir de uma revisão de literatura e análise de estudos contemporâneos sobre o assunto, e, assim, contribuir para a compreensão dos desafios atuais e proporcionar soluções para garantir a continuidade e desenvolvimento da psicanálise como abordagem terapêutica.

1.1 OBJETIVOS

Este estudo tem como objetivo analisar as adaptações e aplicações da psicanálise no século XXI e examinar os principais desafios enfrentados pela psicanálise, para tanto destinou-se os seguintes objetivos específicos:

Examinar os principais desafios que a psicanálise enfrenta na atualidade;
Identificar como a teoria freudiana tem sido adaptada ou aplicada de maneiras novas e criativas para atender às necessidades dos pacientes do século XXI;
Explorar estudos que associam a psicanálise a outros meios de terapia;
Discutir possíveis soluções para garantir a relevância e sustentabilidade no futuro da psicanálise.

2 METODOLOGIA

Para a pesquisa intitulada de “A Psicanálise no século XXI: Implicações e desafios na atualidade”, propomos uma metodologia de pesquisa qualitativa, que busca compreender os fenômenos de maneira mais profunda e contextualizada (BELLO, 2007). Os dados obtidos incluem artigos científicos e livros que abordam a teoria freudiana e suas adaptações ou aplicações no século XXI, bem como os principais desafios e críticas enfrentados pela psicanálise na atualidade.
A forma de obtenção dos dados incluirá a revisão de literatura, extraídos por meio das bases de dados científicos: Portal Capes, SciELO e BVS-Psi. Os dados serão tratados e analisados através da realização de uma revisão de literatura, para Bello (2007) esse método é uma etapa importante pois permite ao pesquisador ter uma compreensão aprofundada do assunto e do estado atual da literatura sobre o tema.
As principais palavras-chaves utilizadas na pesquisa foram: psicanálise na contemporaneidade, psicanálise e seus desafios no século XXI, psicanálise e adaptações, teoria freudiana e adaptações. Os principais operadores boleanos utilizados foram: and, or, no. Dos critérios de inclusão abordou-se publicações científicas que trataram da psicanálise na contemporaneidade, dos critérios de exclusão, descartou-se publicações não cientíentíficas ou não filosociológicas. Os resultados adquiridos por meio dessa pesquisa foram análisados sob uma ótica qualitativa, fichados e discutidos buscando fomentar e validar a hipótese levantada.

REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Psicanálise na contemporaneidade

A psicanálise foi criada por Sigmund Freud, um médico austríaco que viveu entre 1856 e 1939. Ele desenvolveu a teoria da psicanálise ao longo de décadas de trabalho clínico com pacientes que sofriam de sintomas neurológicos ou mentais. A partir de suas observações, Freud chegou à conclusão de que os sintomas de seus pacientes eram resultado de conflitos inconscientes e de repressão de desejos e lembranças dolorosas (MEZAN, 2019).
Freud também propôs que a mente humana é dividida em três partes: o eu (que representa a consciência e a razão), o eu (que representa os instintos e as emoções) e o super eu (que representa os valores e a moral). Ele acreditava que o conflito entre essas partes da mente era a causa de muitos problemas psicológicos. A teoria freudiana da psicanálise foi influenciada por vários outros teóricos, incluindo Jean-Martin Charcot, Josef Breuer e Pierre Janet. A psicanálise também foi influenciada pelas teorias do desenvolvimento infantil de Arnold Gesell e Charles Darwin (FREUD, 1938; MEZAN, 2019).
A psicologia analítica, também conhecida como psicologia freudiana ou psicologia da inconsciência, é um campo da psicologia que se concentra nas motivações inconscientes que influenciam o comportamento e o pensamento humano. A psicologia analítica também é conhecida por seu método de tratamento, a psicanálise, que se baseia na ideia de que a melhor maneira de entender e resolver problemas psicológicos é explorando os pensamentos, lembranças e desejos inconscientes através da técnica da “associação livre”. Durante uma sessão de psicanálise, o paciente é incentivado a falar livremente sobre qualquer coisa que lhe venha à mente, enquanto o terapeuta o escuta atentamente e procura identificar padrões ou temas recorrentes (FREUD, 1938).
A psicanálise foi uma das primeiras teorias psicológicas a reconhecer a importância da mente inconsciente e a sua influência no comportamento humano. O que representou uma mudança significativa em relação ao modelo dominante da época, que se concentrava apenas nas motivações conscientes (DANTO, 2020). Além disso, foi uma das primeiras formas de terapia psicológica e ainda é amplamente utilizada até hoje. A técnica da associação livre, em que o paciente é incentivado a falar livremente sobre qualquer coisa que lhe venha à mente, tem sido particularmente útil na identificação de padrões de pensamento e comportamento que podem estar contribuindo para problemas psicológicos (FREUD, 2019).
A psicanálise tem influenciado outras áreas da psicologia e da cultura popular, como a literatura, o cinema e a arte. Muitos dos conceitos freudianos, como o complexo de Édipo e o complexo de Electra, são amplamente conhecidos e têm sido utilizados em diversas obras de ficção e não ficção. Em resumo, ela têm sido importante por ser uma das primeiras teorias psicológicas a reconhecer a importância da mente inconsciente, assim pelo fato de que é considerada uma terapia psicológica que influenciou amplamente a cultura popular (ANGELI; BARROS, 2020). A psicanálise têm enfrentado vários desafios ao longo de sua história. Um dos principais desafios é o fato de que muitos dos conceitos freudianos são difíceis de serem testados cientificamente e, como resultado, têm sido amplamente debatidos e contestados por outros campos da psicologia.

3.2 Desafios da psicanálise na atualidade

Desde sua criação, a psicanálise tem sido objeto de críticas e debate, e há alguns desafios que continuam a ser discutidos até hoje. Um dos principais desafios da psicanálise é a sua natureza altamente subjetiva. A interpretação dos sintomas e dos sonhos de um paciente pode ser influenciada pelas próprias crenças e expectativas do analista, o que pode levar a diferentes interpretações de um mesmo caso (MOREIRA et al., 2019; CAETANO, 2020).
Além disso, a teoria freudiana da personalidade é baseada em pressupostos que são difíceis de serem provados cientificamente, o que dificulta a sua aplicação em contextos clínicos. O fato de que a psicanálise pode ser bastante demorada e dispendiosa. O tratamento pode levar anos ou até mesmo décadas e pode ser necessário várias sessões por semana. Isso pode ser um obstáculo para muitas pessoas que precisam de tratamento imediato ou que não têm os recursos financeiros para suportar esse tipo de tratamento a longo prazo (MOREIRA et al., 2019).
Finalmente, a psicanálise também tem sido alvo de críticas por sua suposta falta de inclusividade e acessibilidade. Muitas pessoas têm relutância em expor suas questões mais profundas e vulnerabilidades para um estranho, e alguns também podem ter dificuldades em se conectar com a linguagem técnica utilizada na psicanálise (WALD, 2019). Isso pode dificultar o progresso do tratamento e a possibilidade de uma resolução efetiva dos problemas. Um dos principais desafios é a crescente demanda por tratamentos rápidos e eficazes. Com o aumento da pressão sobre os profissionais de saúde mental para produzir resultados rápidos, muitos pacientes e profissionais têm optado por abordagens mais diretas e menos demoradas, como terapia cognitivo-comportamental ou terapia ocupacional (BURGARDT, 2018).
Outro desafio é o fato de que a psicanálise é frequentemente vista como uma abordagem “antiga” ou “ultrapassada” por alguns profissionais e pacientes. Embora a teoria freudiana da personalidade e os métodos de tratamento da psicanálise tenham sido influentes e importantes no passado, alguns argumentam que ela não é tão relevante para as necessidades e preocupações contemporâneas (BURGARDT, 2018). Os desafios da psicanálise incluem a sua natureza subjetiva, o tempo e o custo do tratamento, e a possível falta de inclusão e acessibilidade. Apesar desses desafios, a psicanálise ainda é amplamente utilizada como um método de tratamento eficaz para uma ampla variedade de problemas psicológicos.

3.3 Soluções para garantir a relevância e sustentabilidade no futuro da psicanálise

Uma forma de garantir a relevância e sustentabilidade no futuro da psicanálise é a incorporação de novas técnicas e abordagens para tratamento. Por exemplo, a incorporação de técnicas de terapia e métodos complementares pode fornecer um tratamento mais abrangente e personalizado para o paciente. A incorporação de tecnologia também pode ser considerada para ampliar o alcance da psicanálise, como terapia on-line e intervenções baseadas em aplicativos para ajudar a ampliar o acesso aos tratamentos. Além disso, a pesquisa científica e a evidência devem ser amplamente incorporadas na prática clínica para garantir que as técnicas utilizadas na psicanálise sejam baseadas em evidências sólidas. A realização de estudos clínicos e a publicação de resultados em revistas científicas são fundamentais para estabelecer a eficácia e a eficiência dos tratamentos utilizados na psicanálise (ARAÚJO et al., 2019).
Outra solução seria a promoção de uma maior colaboração entre profissionais de diferentes áreas para garantir que a psicanálise continue a evoluir e se adapte às mudanças no mundo e na sociedade. A colaboração com profissionais de outras disciplinas, como psicologia, medicina, neurociência e outras, pode permitir que a psicanálise se beneficie de outras perspectivas e conhecimentos e possa continuar a se desenvolver de maneira relevante e sustentável no futuro (CHAGAS, 2021).
Além dessas propostas, é importante que a psicanálise seja realizada por meio de uma abordagem interdisciplinar, criando equipes de saúde mentais que incluam psicanalistas, psiquiatras, psicólogos e outros profissionais para trabalhar juntos e fornecer tratamentos mais abrangentes. Também Phillips (1994) sugere que haja uma adaptação às mudanças sociais e culturais, o autor entende que a psicanálise deve ser adaptada constantemente para atender às mudanças sociais e culturais, incluindo questões como gênero, diversidade e inclusão, para garantir que ela continue sendo relevante e acessível para todos. O autor destaca o papel das relações interpessoais na construção da subjetividade, argumentando que as relações com os outros desempenham um papel crucial na formação da identidade e na compreensão do desejo humano.
Bezerra e Costa (2018) autores brasileiros, nessa temática aborda que a psicanálise é deve ser discutida de maneira “interdisciplinar e intercultural”, o autor enfatiza a partir de seus estudos a importância de a psicanálise se abrir para o diálogo com outras disciplinas, como a antropologia, a história e a filosofia, para que ela possa compreender melhor as realidades sociais e culturais do mundo contemporâneo. Os autores, ainda defendem uma psicanálise mais “pluralista e crítica”, onde questiona os pressupostos teóricos da psicanálise tradicional e se abre para outras perspectivas teóricas e terapêuticas, nesse sentido, eles argumentam que uma psicanálise mais pluralista e crítica pode ser mais adaptável e capaz de lidar com as complexidades da vida humana no mundo contemporâneo.
Nesse sentido, identifica-se que os autores tem se preocupado com a necessidade de se atualizar a psicanálise para se adequar aos tempos atuais, levando em conta questões culturais e sociais, bem como questões da diversidade humana e das relações interpessoais. Alguns autores também tem sugerido a necessidade de se utilizar ferramentas tecnológicas e outras abordagens interdisciplinares para amplificar o alcance e eficácia da psicanálise. Esse processo de evolução e adaptação é fundamental para garantir a relevância e sustentabilidade da psicanálise no futuro.
Além disso, Matos (2019) propõe que profissionais estejam engajados em programas de desenvolvimento, formação e treinamento, para o autor investir em programas de formação e treinamento contínuos para os profissionais de saúde mental pode garantir que eles estejam sempre atualizados com as últimas pesquisas e avanços no campo, o que é essencial para garantir a relevância e a eficácia da psicanálise no futuro.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Adaptações da teoria freudiana para o tratamento de problemas de saúde mental no século XXI

A psicanálise tem se tornado cada vez mais popular em todo o mundo e é amplamente utilizada em vários contextos culturais diferentes. Uma das razões pelas quais a psicanálise tem sido tão bem-sucedida em contextos culturais diferentes é porque ela enfatiza a importância do inconsciente e das relações interpessoais na determinação do comportamento e da saúde mental. Essa abordagem é universalmente aplicável, e pode ser útil em muitos contextos culturais diferentes (FIGUEIREDO; SANTI, 2021).
A psicanálise tem sido adaptada de várias maneiras para se adequar às necessidades e desafios específicos de diferentes populações. Por exemplo, alguns psicanalistas utilizam técnicas de terapia cognitivo-comportamental em conjunto com a psicanálise para tratar distúrbios mentais em contextos culturais onde essa abordagem é mais aceita. Outros psicanalistas se especializam em tratar distúrbios mentais comuns em determinados contextos culturais, como o estresse pós-traumático em veteranos de guerra ou o transtorno de estresse pós-traumático em refugiados (BUENO, 2019; WRIGHT et al., 2018).
Além da terapia cognitivo-comportamental, que combina técnicas de modificação do comportamento com a exploração de padrões de pensamento negativos, a terapia de orientação humanística, que se concentra na promoção do crescimento pessoal e na resolução de problemas emocionais, tem sido amplamente estuada como técnica associada a psicanálise (MARQUES et al., 2022). Visando explorar como diferentes técnicas são abordadas associadas a psicanálise iremos discutir sobre estas a seguir.
A terapia cognitivo-comportamental e a terapia de orientação humanística são abordagens de tratamento que se originaram em áreas diferentes da psicologia e que têm seus próprios objetivos e teorias de base. A TCC se baseia na ideia de que os padrões de pensamento negativos podem levar a problemas emocionais e comportamentais e que mudar esses padrões de pensamento pode ajudar as pessoas a se sentirem melhor e a se comportarem de maneira mais saudável. A terapia de orientação humanística, por sua vez, se concentra na promoção do crescimento pessoal e na resolução de problemas emocionais e valoriza a experiência pessoal e as emoções das pessoas (WRIGHT et al., 2018; BEZERRA, 2021).
Embora essas abordagens sejam diferentes, elas podem ser combinadas com a psicanálise em um esforço para aumentar a eficácia do tratamento. Uma das principais autoras que escreveu sobre a combinação da psicanálise com a terapia cognitivo-comportamental (TCC) foi Lisa Firestone (2018), onde aborda que essa combinação permite que os pacientes explorem suas experiências passadas e suas emoções de maneira autêntica e profunda, enquanto ao mesmo tempo aprendem a se conectar de maneira mais significativa com os outros e a si mesmos.
Sobre a combinação da psicanálise com a terapia de orientação humanística, a psicóloga Janet S. Klosko (2006), aborda essa discussão onde defende a combinação da psicanálise com a terapia de orientação humanística como uma abordagem eficaz para o tratamento de transtornos de personalidade. Além das abordagens mencionadas, há outras adaptações da teoria freudiana que são utilizadas no tratamento de problemas de saúde mental no século XXI. Algumas delas incluem: a Terapia de aprimoramento estudada por Koing et al., (2017), a terapia de relação objetal explorada por Melanie Klein (1921) e terapia de grupo amplamente falada por Shulamith Kreitler e Chaim Levinson (1999).
Um estudo de Konig et al. (2017) descreveu como a terapia de aprimoramento foi utilizada como complemento à psicanálise para tratar pacientes com transtornos de personalidade, com resultados positivos os pacientes do grupo de tratamento apresentaram melhorias significativas em termos de autoestima, habilidades sociais e problemas de relacionamento, em comparação com o grupo de controle.
A terapia de relação objetal, se concentra nas relações interpessoais das pessoas e na forma como elas lidam com as outras pessoas. É geralmente realizada em conjunto com a psicanálise, mas pode ser usada como abordagem complementar em outras formas de terapia também. Alguns dos principais teóricos da relação objetal inclui Melanie Klein (1921), que foi uma psicanalista de renome e suas teorias foram muito influentes na compreensão do desenvolvimento humano e nos tratamentos psicológicos. A obra de Melanie Klein (1921) destaca a importância das primeiras relações objetais na formação da personalidade e do ego. A autora argumenta que as crianças experimentam ansiedade e insegurança em relação aos objetos externos, e que essas experiências têm um impacto duradouro na sua personalidade e comportamento.
A terapia de grupo, que é um tipo de tratamento em que as pessoas se reúnem em um grupo com um terapeuta para discutir problemas emocionais e comportamentais. Embora a terapia de grupo e a psicanálise sejam abordagens divergentes, podem ser complementares, e um terapeuta pode combinar as técnicas dessas abordagens para fornecer um tratamento mais abrangente para seus pacientes. Shulamith Kreitler e Chaim Levinson (1997), avaliaram a eficácia da combinação de terapia de grupo psicanalítica com terapia individual em pacientes com transtorno de ansiedade generalizada. Os resultados mostraram que a combinação de terapia foi mais eficaz do que a terapia individual.
Outra adaptação importante da psicanálise no século XXI é a sua maior aceitação e utilização em diferentes contextos culturais. Embora a psicanálise tenha sido originalmente desenvolvida na Europa, ela tem se tornado cada vez mais popular em todo o mundo e é amplamente utilizada em vários contextos culturais diferentes. isso demonstra a sua adaptabilidade e capacidade de se adaptar às necessidades e desafios específicos de diferentes populações (CALZAVARA, 2012).
Apesar de ter sido bastante criticada e ter perdido popularidade no tratamento de problemas de saúde mental no século XXI, a teoria freudiana ainda é utilizada em adaptações e abordagens de tratamento, especialmente em relação à exploração de experiências passadas e à resolução de conflitos internos. Essa adaptabilidade da psicanálise às necessidades e desafios específicos de diferentes populações são importantes razões pelas quais ela tem sido tão bem-sucedida em contextos culturais diferentes e continua a ser uma abordagem eficaz para o tratamento de distúrbios mentais.

5 CONCLUSÃO

Os principais desafios enfrentados pela psicanálise na psicanálise estão direcionados a as críticas estabelecidas pelo método que a rege, além disso autores como Zizek (1989) alega que há falta de comprovação científica de sua eficácia, a duração e custo do tratamento e a falta de pesquisas. Além disso, a psicanálise tem sido desafiada pela popularidade de outras abordagens terapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental.
No entanto, a teoria freudiana tem sido adaptada ou aplicada de maneiras novas e criativas para atender às necessidades dos pacientes do século XXI. É possível observar que algumas vertentes da psicanálise, como a psicanálise interpessoal e a teoria objeto relacional, têm buscado incorporar ideias de outras correntes psicológicas para desenvolver e aperfeiçoar a teoria e a prática da psicanálise. Essas adaptações têm permitido que a psicanálise se torne mais acessível e relevante para os pacientes do século XXI. Quando a psicanálise tem sido combinada com outros métodos, como TCC, terapia em grupo, terapia objetal, percebe-se resultados mais positivos. A combinação desses métodos pode oferecer uma abordagem mais abrangente e eficaz para o tratamento de pacientes com problemas psicológicos.
Para que a psicanálise prossiga sua atuação no século XXI, estende-se que possíveis soluções possam ser utilizadas para garantir a sua relevância e sustentabilidade. Entre as soluções propostas estão a continuidade das adaptações e aplicações criativas da teoria freudiana, a realização de pesquisas científicas para comprovar sua eficácia, e a combinação da psicanálise com outros métodos terapêuticos. Essas soluções podem contribuir para garantir a relevância e sustentabilidade da psicanálise no futuro, ajudando a superar os desafios enfrentados pela psicanálise na atualidade e tornando-a acessível e eficaz para os pacientes do século XXI. A conscientização e a educação também podem ser fundamentais para garantir a relevância e sustentabilidade da psicanálise no futuro.

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arágrafos e linhas.

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