A adolescência é uma fase de transição marcada por intensas mudanças físicas, cognitivas e sociais. É nesse momento que muitos jovens começam a desenvolver questões emocionais complexas, e a ansiedade figura entre as mais recorrentes. Como psicólogo, posso afirmar: compreender esse fenômeno é essencial para promover a saúde mental e o bem-estar dos adolescentes.
Ansiedade é uma emoção natural, uma resposta do corpo diante de situações de perigo ou incerteza. No entanto, quando ela se torna frequente, intensa e desproporcional ao contexto, pode comprometer o funcionamento diário do adolescente — afetando suas relações, desempenho escolar e autoestima.
Durante a adolescência, vários fatores podem intensificar essa resposta:
Mudanças hormonais e corporais: transformações físicas que geram desconforto ou insegurança
Pressões sociais: necessidade de pertencimento, padrões estéticos, aceitação virtual
Exigências acadêmicas: cobranças por desempenho, vestibulares, futuro profissional
Conflitos familiares: dificuldade de comunicação, excesso de controle ou falta de limites
Os sintomas de ansiedade podem se manifestar de diversas formas. Alguns dos sinais mais comuns incluem:
Preocupações excessivas, geralmente com temas como aparência, desempenho ou aceitação
Irritabilidade e dificuldade de concentração
Alterações no sono e apetite
Dores de cabeça, desconforto abdominal e outros sintomas físicos sem causa aparente
Evitação de situações sociais ou escolares
Pais, educadores e profissionais precisam estar atentos a essas manifestações, pois muitas vezes são confundidas com “dramas” típicos da idade.
A intervenção psicológica é fundamental para ajudar o adolescente a desenvolver ferramentas saudáveis de enfrentamento. A psicoterapia pode:
Favorecer o autoconhecimento e a regulação emocional
Identificar e ressignificar padrões de pensamento ansioso
Fortalecer o vínculo familiar, facilitando o diálogo
Promover habilidades sociais, autoestima e resiliência
Além disso, em alguns casos, pode ser necessário o encaminhamento para um psiquiatra, visando avaliar a necessidade de medicação — sempre com acompanhamento multiprofissional.
Para auxiliar os adolescentes, é importante cultivar um ambiente acolhedor e sem julgamentos. Algumas atitudes fundamentais incluem:
Ouvir com atenção e empatia
Evitar minimizar os sentimentos (“isso é besteira”, “vai passar logo”)
Estimular atividades que promovam prazer e relaxamento
Buscar apoio profissional quando os sintomas persistirem
A ansiedade na adolescência não deve ser ignorada. Ela pode ser um chamado silencioso por ajuda. A boa notícia é que, com acolhimento, orientação profissional e redes de apoio fortalecidas, é possível ajudar os jovens a atravessarem essa fase com mais leveza e segurança.
A saúde mental precisa ser pauta constante — e nunca é cedo demais para começar essa conversa.
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Luciana Ribeiro